Há pelo menos três anos a faixa vespertina da Record TV é dominada por reprises mal editadas e novelas que as pessoas não conseguem assistir, pela mais absoluta falta de tato do canal paulista com sede na Barra Funda.
A emissora entrou no piloto automático logo depois da última reprise de “A Escrava Isaura” (2004), transmitida em 2019. O folhetim foi beneficiado pela pandemia, teve 45 minutos de capítulo e uma edição mais coerente com a realidade da faixa.
Em seguida, com o cancelamento de uma das novelas, sua substituta teve duração estendida e edição confusa. A ideia de colocar “Escrava Mãe” (2016) fazia sentido, mas como a audiência não correspondeu, ela foi mutilada.
Na sequência, “Belaventura” (2017) entrou no ar para preparar o terreno às bíblicas, o que não funcionou. Mais esquecida no churrasco do que qualquer coisa, a história de Gustavo Reiz repetiu seu fracasso na reprise.
Ainda com edições confusas, a emissora colocou no ar, contra a vontade da herdeira de Edir Macedo, as reprises de “Prova de Amor” e “Chamas da Vida”, sucessos em suas exibições originais. A rede, entretanto manteve o expediente de edição e sumiu com cenas do enredo de Fridmann, que diziam respeito à doença de Guilherme (Roger Gobeth), ou a conscientização sobre transexualidade na personagem Docinho (Roberto Bontempo).
Por causa da mão pesada da Igreja Universal, o departamento de dramaturgia regrediu ao ponto de colocar apenas produções oriundas das sagradas escrituras na faixa da tarde.
Além disso, um esticamento sem sentido no “Balanço Geral”, brilhantemente mediado por Reinaldo Gottino. Qualquer novela com apelo popular e uma edição bem feita, com 45 minutos, renderia pelo menos sete pontos na faixa onde hoje a rede tem problemas.