Record TV precisa voltar a ser o que foi um dia

A Record TV precisa voltar a ser o que foi um dia, ou melhor, por onze anos. O canal da Barra Funda é o segundo mais visto do país e não tem dificuldades para vencer sua concorrente direta, que na prática precisa se preocupar com a Band. Mas, a administração de Cristiane Cardoso tornou sua dramaturgia enfadonha, arrastada e monotemática.

O canal que por muito tempo se colocou como uma opção de qualidade em relação a Globo hoje se acomoda e dorme nos braços da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), mantenedora financeira da rede paulista.

A emissora não tem ousadia, que um dia foi sua marca como em “Vidas Opostas” (2006). Nos últimos sete anos, o projeto de Macedo parece ser esquecer a história que colocou o canal no segundo lugar em São Paulo, por exemplo.

Nem mesmo a troca do “Encontro” vai fazer com que a direção se mexa para ajustar o “Hoje Em Dia”, que já foi uma referência em revista eletrônica diária e mandou para o arquivo pelo menos uma dezena de cópias suas que surgiram pela televisão afora.

Isso vai muito além de eleições majoritárias, ou mesmo de um provável apoio a Jair Bolsonaro no pleito de outubro. Esse processo vivido pela emissora vai completar nove anos e tem método, de renegar a própria história e esquecer aquilo que um dia foi a segunda maior produtora de conteúdo do país.

Atualmente, fica na vice-liderança quem faz menos besteira. E como os Abravanel vivem na areia movediça que puxa a TVS cada vez mais para baixo, parece que o momento na Barra Funda é bom, mas se engana quem pensa isso.

Para se ter uma ideia, a vespertina “Chamas da Vida” conseguiu ser mais vista do que “Amor Sem Igual”, exibida novamente em horário nobre de forma precoce. Digo, redigo e falo quanto for necessário: Só apela para as reprises na faixa nobre, em condições normais, quem não tem planejamento.

Esse é problema desde a antiga Rede Record, que tinha dramaturgia, jornalismo e linha de shows equilibrados. Imagine agora, onde a Igreja parece dar as cartas nos mais diversos setores, incluindo a entrada de obreiras como colaboradoras de autores principais, ou mesmo assinando enredos como um todo.

Assim, não se faz televisão. Assim, se faz um tipo de lavagem cerebral em quem assiste a emissora. Uma pena que bons profissionais estejam desprediçados em um momento ruim.

Nem mesmo o fenômeno Reinaldo Gottino resistiu a crise de audiência e vê dia a dia o “Balanço Geral” naufragar. Ele continua o mesmo da velha Record, mas sem a mesma ajuda de uma grade decente e minimamente competitiva.