O triângulo amoroso mais complicado de “Quatro Por Quatro”

A mudança mais expressiva na novela “Quatro Por Quatro” (1994), é quando as personagens Bruno (Humberto Martins), Susana (Helena Ranaldi) e Tatiana (Cristiana Oliveira) se veem envolvidos em um triângulo amoroso, que foi arquitetado pela vilã a mando do outro malvado da história, o doutor Gustavo Rossini (Marcos Paulo). 

O movimento tem muito a ver com as características físicas da personagem, irmã da ex-mulher do médico, um dos protagonistas da história. A trama fica ainda mais complicada quando o pai de Ângela (Tatyane Goulart) engravida seus dois pares no folhetim escrito pelo novelista Carlos Lombardi e produzido para a faixa das sete da Globo, que tradicionalmente recebe comédias rasgadas.

A emissora não soube lidar com o sucesso da produção e suas constantes renovações de capítulos por conta da demanda de patrocínios tornou algumas partes da novela dispensáveis, como nessa parte da história onde as personagens andam em círculos por semanas, apenas para sustentar um plot que não se sustentava sozinho, com base no que foi planejado inicialmente.

O momento inicial onde Susana mostra os primeiros sinais de desequilíbrio quando tenta matar a própria sobrinha asfixiada, ligando o gás de cozinha e tocando fogo na casa onde mora o pai da garota. Depois disso, os comportamentos erráticos da personagem foram se agravando e ela acabou internada, pensando que era sua irmã, que morreu no parto da herdeira. Na verdade, tudo o que ela sentia por Mércia (Helena Ranaldi) não passava de inveja e vontade de viver a vida da irmã em uma cidade grande e com um marido apaixonado por ela, como acabou acontecendo com a esposa de Bruno.

No decorrer da história, Tatiana deixa de ser trouxa e vai em busca da felicidade. Ela reconhece Bruno depois de muitos anos afastada e se apaixona pelo bonitão. Depois de ser enganada por anos pelo ex-namorado, a secretária finalmente tem a chance de viver uma linda história de amor ao lado do homem que ela sempre amou. Mas, como em novela nem tudo é simples, alguns percalços acontecem no caminho da heroína desse vértice da história.

Em seu segundo trabalho na Globo, Oliveira entrega um tipo crível de mulher. Depois da traumática Paloma de “De Corpo E Alma” (1992), a atriz viu nesse trabalho uma oportunidade para exorcizar os fantasmas e desopilar. Quatro anos antes, ela foi revelada na primeira versão da novela “Pantanal” ao viver a protagonista Juma Marruá. No universo completamente diferente e adaptada ao texto de Lombardi, a atriz consegue se destacar em qualquer cena de sua personagem.

O folhetim foi um dos maiores fenômenos dos anos 1990, por isso inclusive a trama foi esticada, esticada, esticada… Muitos nomes envolvidos inclusive queriam um longo período de férias depois do fim das gravações. Para a maior parte deles, essa janela não foi possível, porque o autor foi convocado para substituir “Cara E Coroa”, produzida no ano seguinte em substituição ao seu último enredo.

Mas, as histórias que envolvem os bastidores da vida de Bráulio (Murilo Benício) e todo o universo criado para essa trama, ficam para uma outra oportunidade…