O jornalismo jamais foi prioridade na programação do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), mas a mais recente medida do canal colocou em xeque os profissionais que ainda estão lá. Isso porque a rede escolheu o “Programa do Ratinho” para receber os candidatos ao Palácio do Planalto.
Carlos Roberto Massa assume um protagonismo que não deveria ser seu, ou mesmo de um programa de entretenimento. Apesar de ser jornalista, ele fez a migração quase que no começo da carreira, onde saiu da rede CNT e foi para a então Rede Record apresentar o “Ratinho Livre”.
As conversas com os candidatos terão 30 minutos, dez a menos do que foi feito pela Globo no “Jornal Nacional” e vinte minutos menor do que o proposto pela CNN Brasil, nas conversas dos presidenciáveis com o jornalista William Waack.
O movimento de colocar as conversas em um programa de entretenimento mostra um desprestígio do setor de jornalismo da emissora aberta, que tem três letras. Apesar de ter 445 minutos do jornalismo na grade de segunda a sexta, os programas do gênero como “Primeiro Impacto” e “SBT Brasil” foram preteridos.
Principalmente o telejornal do horário nobre, que leva o nome da emissora e em teoria deve receber os candidatos. O informativo, entretanto, foi usado nas exclusivas de Jair Bolsonaro (PL-RJ) e também quando a emissora descobriu o paradeiro do hoje candidato Fabrício Queiroz (PL-RJ).
Se o critério escolhido para a atração foi audiência, eis um enorme tiro na água. A rede passa por dificuldades em audiência até mesmo no formato popular e se engalfinha com a reprise de “Amor Sem Igual” (2019).
Via de regra, quem deve receber os candidatos, a quaisquer cargos, é o jornalismo do canal, que já faz uma cobertura sobre os fatos e desdobramentos de governos, seja nacional ou local. Essa escolha demonstra como a emissora trata o jornalismo… Estamos falando de SBT, não me surpreenderia que os postulantes fossem sabatinados no “Bom Dia E Cia”, se ele ainda existisse.