O desafio matinal da Globo

A Globo começa 2023 com um verdadeiro abacaxi para ser descascado na sua faixa matinal, isso porque a emissora precisa de uma face real ao “Encontro”, apresentado por Patrícia Poeta na sequência do “Bom Dia Brasil”.

O formato, herdado de Fátima Bernardes, não mudou nada plasticamente falando, inclusive com a assinatura da apresentadora na tela, logo abaixo do nome da atração. Até aí, zero problema. Mas, o programa tem outro comandante, Manoel Soares, que fica em segundo plano.

Ao que parece, no novo ano Poeta vai seguir uma linha mais parecida com Augusto Liberato, seja em seu auge no SBT ou na fase onde era a principal estrela dos domingos da Record TV.

O quadro “Reencontro” vai ser uma das apostas da emissora líder, que não precisa se esforçar muito para manter o posto, uma vez que “Fala Brasil” e “Primeiro Impacto” disputam, em teoria, o mesmo público, apesar de terem linhas diametralmente opostas de condução.

Mas, o fato é que a apresentadora foi colocada em um horário onde a Globo não tem grandes problemas e sua missão é apenas a manutenção dos números conquistados pela maior grife de jornalismo matinal, ancorada nos dias de hoje por Ana Paula Araújo.

Para a maior emissora do país, se prender a formatos do passado de encontro entre parentes distantes, parece algo raso. A função social desse tipo de iniciativa não se discute, mas é necessário fazer mais do que isso. Um programa matinal não pode ficar refém de apenas um formato, ou das autoreferências de sua apresentadora.

Em dez anos no comando, Fátima Bernardes foi mal aproveitada na atração. Mas, sempre que necessário ela era assertiva. Bernardes, por décadas, era a companhia do brasileiro médio no horário nobre, então não precisavam forçar intimidade entre programa, apresentadora e quem estava do outro lado da tela, como ela mesma dizia.