O programa matinal “Hoje Em Dia” passa por duas crises diferentes nas manhãs da Record TV. A primeira delas é de identidade, porque a revista eletrônica não tem mais o tom solar de outros tempos e hoje parece muito mais uma ponte para o jornalismo local, com reprises de matérias, do que uma aposta firme em conteúdo próprio.
A revolução de 2005, com um formato ágil, leve e que colocava o entretenimento em primeiro lugar, definha ao longo dos anos. Ao todo, três times passaram pelo formato, em 18 anos de história. O primeiro e mais conhecido com Ana Hickmann, Britto Jr, Chris Flores e Edu Guedes, sendo esses últimos adições nos primeiros meses e anos de programa.
Depois, Britto deixa o comando e a rede paulista traz o correspondente Celso Zucatelli, de Nova York, para compor o segundo time de apresentadores, ao lado de Hickmann, Flores, Guedes e a modelo Giane Albertoni. Dona dos domingos, Ana deixa o programa e fica exclusivamente dedicada ao “Tudo É Possível”, que herdou quando da saída de Eliana Michaelichen.
Zucatelli, Chris e Edu tocam o programa “sozinhos” por aproximadamente três anos. Com o passar do tempo, o formato foi se desgastando, pela mais absoluta comodidade da direção. Os apresentadores não tinham nenhuma responsabilidade sobre os rumos do formato. Na virada para 2015, o movimento mais complicado se fez.
Houve dispensa do trio. Zuca e Edu foram para a Rede TV! e logo depois de cumprir o contrato, Flores migrou para o SBT, onde hoje ancora do vespertino “Fofocalizando”.
Para aquela janela, os diretores da Barra Funda foram na concorrência, buscar César Filho. Uma grife do jornalismo, além de promover o retorno de Hickmann e as chegadas de Ticiane Pinheiro e da então repórter do “Domingo Espetacular”, Renata Alves.
Não se pode ter César Filho e deixá-lo preso ao TP. Ou não usar as potencialidades de Renata, para deixar o matinal humanizado, conversando com gente que faz o Brasil, por exemplo. A essência do programa se perde, ao passo que os trunfos de cada apresentador não são devidamente explorados. Pinheiro, por exemplo, poderia fazer um quadro com famosos. E Ana, com sua vasta experiência em moda, devia retornar aos primórdios de sua passagem no “Tudo A Ver” e usar sua experiência para popularizar a moda.
O café da manhã com o elenco da casa é um elemento batido, feito pela Globo, mas que cabe muito bem nesse formato de entretenimento, sem que ele dependa apenas de pautas do jornalismo, com reprises do que se viu em “Balanço Geral | Manhã” e “Fala Brasil”. Falta colocar os elementos certos dentro do programa e potencializar.
Na virada para as praças, seria importante que César conversasse com Gottino, sobre os destaques do próximo programa, como era feito no passado. Mas, não basta recorrer ao passado pura e simplesmente. É preciso atualizar essas práticas, para que o público veja sempre algo novo na emissora da Barra Funda.