Flávio Passos conta sobre a construção de personagens

O jornalista, ator e apresentador Flávio Passos detalha um pouco mais sobre como foi a sua transição de carreira, após deixar a TV Tribuna e enveredar pelo caminho da atuação. Além disso, conta como foi para fazer a composição do seu primeiro vilão, no atual trabalho que tem curtíssima temporada em São Paulo. 

Passos tem ainda um canal no YouTube, onde aconselha pessoas na vida amorosa. Ele é uma revista eletrônica humana, capaz de dominar formatos diferentes sem maiores problemas.

Abaixo, a íntegra da nossa conversa:

NTVB – Como foi pra você fazer a transição do jornalismo para a atuação?

Flávio Passos – Não foi fácil, tá? Em nenhum momento eu duvidei que estava certo, mas assim tem outros aspectos que pesaram. Aspecto financeiro principalmente, porque eu me vi sem uma renda, tendo que pagar coisas. Isso pesou muito pra mim, essa foi uma parte considerável dessa transição. Além das milhões de inseguranças, medos. Eu saí do jornalismo tinha 29 anos, fiz trinta em outubro e essas inseguranças, né? Será que eu estou velho, já foi, já era, eu tô viajando? Vai dar certo? Meu Deus! Angústia, ansiedade, enfim, mas eu sempre tive a consciência de que conforme as coisas fossem acontecendo, eu me acalmaria. Claro que a gente sempre quer mais, mas está tranquilo agora.

NTVB – Sempre disse que você é uma revista eletrônica, um ser humano completo. Ao atuar, você saiu da sua zona de conforto e se desafiou. como se sentiu nas primeiras peças?

FP – Belo serve para descrever as primeiras vezes que eu pisei no palco. Pura adrenalina (Risos), mas ao mesmo tempo, eu lembro depois da primeira vez que eu voltei ao palco. Eu pisei no palco algumas vezes na minha vida antes de me chamar de ator, eu lembro de fazer teatro na sala, varanda da minha casa. Eu lembro de fazer teatro de fantoche num aniversário meu. Aos 14 anos, fiz uma peça na escola foi bem. O professor pediu pra gente encenar de novo, era uma comédia com texto problemático para 2023.
A primeira vez, oficialmente foi em outubro do ano passado, com a peça “A Mente”. Foi uma sensação muito forte, intensa.

NTVB – O que as duas primeiras experiências te ensinam para encarar um vilão nesse novo trabalho?

FP – Pra construção do vilão em si, essas experiências me deram uma ideia. Eu cheguei a fazer personagens de energias pesadas, como o anjo caído. Que foi a foto que viralizou, onde eu estou pelado. Ele tem uma energia pesada, não é uma figura boa.

Vilão a gente cresce vendo, né? Em novela, filme, enfim. Me ensinaram essa coisa da energia, mas caminhar por esse vilão foi uma experiência minha.

NTVB – A construção de uma personagem “comum” é diferente de um vilão? Como você tece esse processo?

FP – É diferente sim. Toda a personagem você precisa entender a origem, o que ela faz quando ninguém está vendo. Acho que o “Era Uma Vez No Carandiru” ele tem essa linguagem naturalista, mas tem muito do épico. São linguagens quase opostas, nesse caso há distanciamento. Eles não são necessariamente a mesma coisa ali naquele momento. Essa peça tem esse elemento. Você não pode ter julgamentos em cena. A minha personagem, Jequiti Guimarães é isso. Me dá até uma ansiedade lembrar, mas é isso.

NTVB – Uma das personagens defendidas por você fica sem roupa em cena. Como foi para você chegar nesse lugar e passar verdade no tipo?

FP – Duas personagens ficam sem roupa em “A Casa de Todos Os Santos”. O anjo caído e o porco. Um ator jogador tá dividindo espaço com a personagem, a partir da li a verdade vem. Na primeira personagem foi mais simples, porque tem fala. Agora, o porco não. E falar: Caramba, eu estou pelado. E as pessoas te manjando, sabe?

É mais dificil momentos antes de entrar no palco. Você olha e fala: Vai acontecer.

NTVB – Deixe um recado ao nosso público, com o serviço da nova peça e onde vocês vão se apresentar

FP – Dia 27 de setembro, no Sátiros. Vale muito a pena, uma história com registro, que é o caso do Carandiru 111 vítimas. Mas, ao mesmo tempo, é uma história sobre o ser humano, sobre a nossa história. Dificilmente fazemos as pazes com o nosso passado. Um texto do Jonatan Cabret. Praça Roosevelt, 214 é uma microtemporada. Ingressos a R$ 80,00. pode comprar pelo Sympla ou na hora. Estudantes tem direito a meia entrada.