Autora perde gancho no horário nobre

Um cheque em branco na faixa de maior audiência global, é isso que todo o profissional escalado para a faixa das nove recebe quando inicia um trabalho na faixa seguinte ao “Jornal Nacional”, informativo mais visto do país.

Talvez, a minha analogia não tenha sido a melhor, mas vou explicar. Em duas oportunidades, Glória Perez recebeu o horário das nove em alta, teria apenas a missão de manter o que a faixa rendia ao maior canal de televisão aberta do país.

Nos anos de 2012 e 2022 o cenário era praticamente o mesmo: Glória Perez recebeu o horário em alta, de dois grandes sucessos da casa “Avenida Brasil” e “Pantanal”, respectivamente. Mas, não conseguiu reter o público, ainda que em nenhuma dessas ocasiões tenha enfrentado uma concorrência forte, robustecida com qualquer produto.

A autora perdeu a chance de apostar em algo mais popular, neste ano onde as coisas se tornaram extremas, o povo de casa queria algo leve, para se distrair. E não um criminoso mirim que acaba com a vida da protagonista no primeiro capítulo.

Perez só conseguiu se sair bem na faixa nobre nesse espaço de tempo quando recebeu o horário em crise, ao lançar “A Força do Querer”, a novelista conseguiu recuperar a performance da faixa, completamente prejudicada pelo fracasso de Maria Adelaide Amaral.

Naquela altura, sem ter a pressão de manter os números, a autora construiu uma novela mais popular, que aproximava o público dos dramas vividos por Ivana (Carol Duarte) e Aurora (Elizângela), por exemplo e cativou o povo do sofá.

Uma delas era rejeitada pela mãe porque não se entendia como mulher e ao fazer a transição de gênero sofreu com a desaprovação. Enquanto que a outra era extremamente preocupada com o futuro de sua filha que se envolve com criminosos e se torna a chefe do tráfico de drogas.

Perez não conseguiu repetir o sucesso de sua mais recente novela, porque não captou o que as pessoas querem ver e ligou um piloto automático, que fez a rede carioca ter sua mais baixa audiência na década de 2020.