A interinidade no time da CBF

O treinador Fernando Diniz Silva foi escolhido para tocar o processo de transição no time controlado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), com vistas para a chegada de Carlo Ancelotti, que deve deixar em breve o Real Madrid. Aos 49 anos, ele vai acumular os cargos no selecionado nacional e no Fluminense, onde está desde abril do ano passado em sua segunda passagem. 

A escolha não soaria como equivocada, se a entidade tivesse convicção naquilo que faz. O presidente Ednaldo Rodrigues e seus pares não conseguem gerir sequer o corpo de arbitragem da entidade, quem dirá selecionar alguém por estilo de jogo e marca de trabalho. As linhas adotadas pelo mineiro e italiano, por exemplo, são completamente diferentes entre si, então não faz NENHUM SENTIDO.

O tamanho desse desafio para Diniz é imensurável, mas em um momento complicado do Fluminense essa não seria a melhor saída para os lados envolvidos. A entidade tem problemas estruturais como um todo, que vão desde confecção de calendário até conflito de interesses por um mesmo profissional estar dirigindo um clube e ao mesmo tempo o selecionado nacional, quando essa mesma entidade “cuida” da seleção e dos campeonatos locais.

A CBF não age em favor do futebol brasileiro em hora quase nenhuma, coloca um profissional empregado para conduzir esse tipo de processo e não respeita a modalidade que diz ser especialista. Nisso tudo, Fernando é o menos responsabilizado.

O problema, de fato, está em quem supostamente pensa o futebol. Se a entidade não consegue organizar o calendário de jogos, porque ela teria discernimento e clareza suficientes para liderar os processos da mais expressiva marca do futebol brasileiro? Ter cinco títulos de Copa do Mundo FIFA não confere inteligência para ninguém, ainda mais se a última conquista foi há duas décadas.

Para arrematar, a CBF trata sua joia da coroa como algo passageiro, problemático e que merece apenas interinidades. Primeiro, o centro de cabeças pensantes precisa ordenar as ideias e tentar qualificar calendário e jogo no Brasil. Depois, se discute o restante. Decisão certa, pessoa gabaritada para a função, mas essa condução é completamente fora de propósito.