A dependência religiosa estrangula emissora

O atual momento do entretenimento na segunda maior emissora do país é dos mais complicados, isso porque a Record TV depende completamente de novelas religiosas para ter qualquer relevância fora do jornalismo. A situação parece se agravar a cada dia, mas não é por causa do rendimento de “Os Dez Mandamentos” no horário da tarde. 

A grande bomba está armada no futuro do canal, quando no próximo ano deve acontecer um remake de “A História de Ester” (2010), primeira minissérie bíblica feita pela emissora e protagonizada por Gabriela Durlo e Marcos Pitombo, no começo da década passada, quando a predominância ainda era de produções consideradas normais.

O boicote interno com a reprise de “Vidas Em Jogo” (2011), lançada para comemorar os setenta anos da emissora e mutilada sem grandes explicações, é apenas a ponta de um iceberg. Christiane Cardoso, a herdeira de Edir Macedo, parece querer apagar a história da emissora na dramaturgia de qualquer maneira e agora ataca até mesmo as obras feitas já feitas sob sua administração.

Como golpe de misericórdia, a audiência da reprise de “Chamas da Vida” exibida antes dessa ofensiva religiosa vespertina, deve ser usada como desculpa para “eliminar” as novelas consideradas mundanas pela direção religiosa da emissora. Assim, fora do jornalismo, a rede perde qualquer relevância e capilaridade de popularidade. A dependência religiosa, nos últimos oito anos, estrangula qualquer investimento sério da rede em entretenimento.

Comunicação é poder e Cardoso parece ter entendido isso, mas não usa esse instrumento da forma correta. Há oito anos, portanto, não há quem tente ou mesmo consiga brigar com o outro sustentáculo da Globo.