A autora Cristiane Fridmann representa a única luz contemporânea em meio a uma dramaturgia completamente contaminada com os preceitos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). Ela pode ser considerada a versão da Barra Funda do que se tem na Globo com Walcyr Carrasco.
Mas, há diferenças entre si. A autora que apresentou um texto maduro, coeso e muito bem fechado em “Chamas da Vida” (2008), é a mesma que aderiu aos preconceitos batidos e protagonistas parvos em “Amor Sem Igual” (2019).
O que mudou nessa janela de onze anos? A condução da própria emissora, no modo como ela mesma encara suas novelas. O modo como editam a reprise vespertina é um indicativo, porque não é condizente com a diretriz atual que o serviço prestado por personagens como Guilherme (Roger Gobeth) e Michelle (Luiza Curvo) quando a história deles caminha para a trama do HIV, por exemplo.
As falas que combatem a homofobia, colocadas na personagem de Roberto Bontempo, também foram suprimidas. Tanto assim, como as sequências mais intensas das personagens de Amandha Lee, Bruno Ferrari, Leonardo Brício e Juliana Silveira.
Os cortes na novela, mesmo sem a menor necessidade, tiraram o impacto das vilanias da personagem Vilma (Lucinha Lins), que acaba os seus dias presa. Mas, na última cena é assassinada com uma bomba na cadeia. A rede retrocedeu muito em 14 anos e por isso vai recorrer a uma reprise bíblica para tentar vencer um ‘engodo da concorrente.