O primeiro semestre do ano termina com uma cristalização de desempenho entre as quatro maiores emissoras do país, com diferenças bem marcadas entre si, com janelas pouco acessíveis entre os referidos postos. Quem fecha em primeiro lugar, como sempre, é a Globo que aparece com 13,6 pontos de média semestral. Depois, surge a Record TV, com 4,9 pontos e uma série de problemas no seu horário nobre, principalmente na faixa do pós novelas, que deve ser resolvido de fato apenas em setembro, com a estreia da nova temporada de “A Fazenda” e o comando da apresentadora Adriane Galisteu.
Em terceiro lugar aparece uma empresa que vive um dos seus piores momentos da história, sem qualquer chance de se recuperar no médio prazo, por absoluta falta de investimentos e respeito ao público que realmente acompanha todos os dias a grade de programação. O SBT tem apenas 3,9 pontos de média, com muitos problemas sérios em todos os horários do canal. Em nada se parece com aquela que foi a maior desafiante de mercado da Globo por décadas, até a subida de uma outra emissora a esse posto, ocupado pelo pessoal da Barra Funda até hoje.
A mudança ocorrida no “Primeiro Impacto” começou a higienizar a imagem da rede junto ao mercado, mas esse movimento ainda parece muito tímido. Seria necessária uma ampla reforma, com liberdade editorial e investimentos firmes no jornalismo, seja na faixa matinal, vespertina, noturna ou notívaga. O maior potencial da rede segue com os shows de domingo, onde Celso Yunes Portiolli e Eliana Michaelichen Bezerra conseguem bons desempenhos e dentro do possível o “Domingo Legal” consegue fazer uma sombra ao horário mais complicado da primeira colocada.
Mas, o abismo que se vê entre o domingo e os demais dias da semana é algo que merece um estudo detido de caso, porque nenhum canal com o tamanho estrutural como o da terceira colocada pode se dar ao luxo de se colocar como alguém fora de combate. Apesar disso, os números consolidados, do dia a dia, mostram isso a todos que acompanham ainda que de forma simples, os dados aqui publicados.
As novelas mexicanas são o grande bastião de audiência na emissora, mas mesmo assim esses enredos não tem a devida divulgação e tratamento condizentes com seus postos. Um exemplo disso é a inédita “Três Vezes Ana” (2016), que penou muito e termina como uma das piores audiências do horário, por pura falta de planejamento na casa, para transformar a emissora em algo maior, mais competitivo e producente.
Quem vive no chamado platô de audiência, não sobe e nem desce, é a Band. O canal controlado pelos Saad vende uma das faixas cruciais para embalar na audiência, que é o começo da manhã. Romildo Ribeiro Soares, líder religioso responsável pela Igreja Internacional da Graça de Deus (IIGD), só tem espaço na grade por render muito dinheiro. Sua audiência nesse espaço matinal regula com a média mensal da Rede TV!, que não passa de dois ou quatro décimos nessas parciais.
Assim, a entrada do “Bora Brasil” fica prejudicada, pois ele tem apenas 85 minutos para tentar tirar o canal de um estado profundo de coma. Depois, por 95 minutos, Eduardo Sanchez Guedes vive em crise com a audiência, que raramente encosta em um ponto, mas faz bem aos cofres da emissora. O grande embalo vem com os programas “Jogo Aberto” e “Os Donos Da Bola”. Cátia Fonseca também tem trunfos de vencer sua concorrente direta, mesmo com algum tempo de enfrentamento com denominações religiosas. Por quase três horas, José Luiz Datena assume a grade e tem como maior trunfo o formato rápido, similar ao rádio e um tom de revista popular, que o deixam muito próximo do SBT na audiência.
A maior instituição do jornalismo da emissora tem nome e sobrenome: Adriana de Fátima Araújo, natural de Itabirito, Minas Gerais, conferiu maior dinamismo ao “Jornal da Band” e tem consolidada a terceira posição, contra um dos momentos mais frágeis da programação do SBT. Adriana sabe bem o que é vencer o canal dos Abravanel, mas a emissora com sede no Morumbi precisa acertar ainda em seu parceiro de bancada. Eduardo Oinegue não é o nome ideal para a função, uma nova ida ao mercado seria bem vinda, principalmente em profissionais desvalorizados pelas demais emissoras.
O canal administrado pelos Saad tem 1,8 ponto de média no primeiro semestre do ano. A ideia é simples, com bons investimentos dentro dos nichos em que já está consolidada, a rede quarta colocada tem tudo em suas mãos para abocanhar, de fato, o terceiro lugar. A contar pela inércia da concorrente, isso já devia ter ocorrido nos primeiros meses do ano passado. A medalha de bronze para o canal é uma questão de tempo.
>> Material produzido com base nos dados consolidados entre os meses de janeiro e junho na Grande São Paulo